No despacho que autorizou a Operação SOS, sobre desvios na saúde do Pará, o ministro Francisco Falcão, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), disse que o esquema de corrupção no governo tem “caráter sistêmico”. Ele citou relatórios da Polícia Federal que indicam que os desvios no estado envolveram “ao menos quatro secretarias”: Saúde, Educação, Transportes e Desenvolvimento Econômico, além da Casa Civil.
O secretário de Transportes (Setran), Antônio de Pádua de Deus Andrade, e o secretário de Desenvolvimento Econômico (Sedeme), Parsifal de Jesus Pontes, ex-chefe da Casa Civil do Pará, foram presos nesta terça-feira, 29, na deflagração da Operação S.O.S.
De acordo com as investigações, todo o esquema era operado pela mesma organização criminosa, “possivelmente liderada” pelo governador Hélder Barbalho. A Organização Social Orcrim, segundo a PF, era gerida pelos operadores financeiros Nicolas André Tsontakis Morais e Cleudson Garcia Montali, ambos presos pela PF nesta terça-feira.
Desdobramento – A SOS é um desdobramento da Operação Para Bellum, que investiga fraudes na compra de respiradores pelo Governo do Pará para combate à Covid-19.
Cestas de alimentação – Mas Falcão citou em sua decisão também as conclusões da Operação Solércia, que investiga propina na compra de cestas básicas para escolas públicas estaduais no Pará por R$ 73,9 milhões. Os contratos foram assinados em caráter emergencial e sem licitação, também no contexto do combate à pandemia do novo coronavírus, segundo a PF.
O ministro também falou nos “veementes indícios” de pagamento de R$ 331 mil ao secretário de Transportes do Pará, Antônio de Pádua de Deus Andrade, em troca da assinatura do contrato para construção de uma ponte, por R$ 25 milhões.
“Ressalta a Polícia Federal a coincidência de atores e do modus operandi nas quatro investigações atualmente em curso”, disse Falcão:
Daniela Barbalho – Durante as investigações da Operação SOS, a Polícia Federal encontrou uma nota fiscal no nome de Daniela Barbalho, esposa de Hélder Barbalho, no celular do ex-chefe da Casa Civil do Pará, Parsifal de Jesus Pontes, hoje, secretário de Desenvolvimento Econômico.
Era uma nota referente a compra de roupas no valor de R$ 9,2 mil, o que, segundo os investigadores, demonstra a proximidade de Parsifal com o governador.
Fonte: O Antagonista