
A cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará, foi surpreendida na madrugada de quinta-feira (3) por um tremor de terra de magnitude 4,3 na Escala Richter, considerado moderado por especialistas. O fenômeno chama a atenção para os terremotos na região, que vem registrando uma série de eventos sísmicos ao longo de 2025. Além de Parauapebas, cidades como Novo Repartimento e Tucuruí também sentiram pequenos abalos neste ano. Os registros, ainda que de baixa magnitude na maioria dos casos, vêm chamando a atenção de pesquisadores por sua frequência crescente.
De acordo com dados da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), analisados pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Observatório Nacional, a população local percebeu claramente o abalo, que teve epicentro próximo à superfície — condição que favorece a propagação das ondas sísmicas até áreas habitadas.
Apesar de o Brasil não estar situado sobre placas tectônicas ativas, como o Cinturão de Fogo do Pacífico, a movimentação dessas placas ainda afeta regiões do país. O Pará, em particular, abriga a Falha de Carajás, uma zona de fraqueza geológica com histórico de instabilidade. Essa falha, somada à estrutura geológica da região — composta por rochas antigas e fraturadas —, cria condições favoráveis para a ocorrência de abalos sísmicos.
Outro fator que pode estar contribuindo para o aumento da atividade sísmica é a intensa exploração mineral no estado, especialmente em áreas como Parauapebas, um dos maiores polos de extração de minério de ferro do mundo. A mineração, ao alterar o equilíbrio do subsolo, pode desencadear microtremores ou até acelerar movimentos em falhas geológicas já existentes. Embora ainda não haja consenso entre os cientistas sobre essa correlação, é uma hipótese cada vez mais considerada nos estudos sismológicos.
Ao longo de 2025, a sequência de eventos chama atenção. Em 9 de janeiro, Parauapebas registrou um tremor de 2,8 de magnitude. No dia 17, Novo Repartimento foi palco de outro abalo, de 2,3 mR. Já em 28 de janeiro, um novo episódio foi identificado em Tucuruí. A série de registros evidencia que os tremores não são eventos isolados e reforça a importância do monitoramento contínuo.
Tremores como o de Parauapebas são classificados como rasos, ou seja, ocorrem a pequenas profundidades, o que contribui para que seus efeitos sejam mais perceptíveis na superfície. Essa característica, combinada com a existência de falhas geológicas ativas e intervenções humanas no subsolo, pode tornar o fenômeno mais frequente.
A comunidade científica brasileira defende que a intensificação das pesquisas e a instalação de novas estações de monitoramento são essenciais para compreender a dinâmica sísmica da região. Para os especialistas, conhecer melhor as causas desses abalos é fundamental para desenvolver estratégias de prevenção, segurança e até de adaptação das estruturas urbanas em áreas de risco.
Em síntese, os terremotos no Pará são resultado de uma interação complexa entre fatores naturais e antrópicos. A presença da Falha de Carajás, somada à geologia local e às pressões causadas pela mineração, ajuda a explicar os abalos registrados nos últimos meses. Embora de magnitudes geralmente baixas, a repetição dos fenômenos sugere que o estado exige atenção especial quando o assunto é sismologia.