As capitais Belém e Manaus são as únicas do Brasil onde mais da metade da população vive em favelas, conforme os dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Belém, que sediará a COP30 em 2025, 57,2% dos moradores estão em comunidades. Manaus, por sua vez, registra 55,8% da população vivendo em condições semelhantes.
Esses índices são muito superiores à média nacional, que é de 8,1%. Em termos absolutos, isso representa cerca de 16,4 milhões de brasileiros — de um total de 203 milhões — residindo em 12.348 favelas espalhadas por 656 municípios.
Norte lidera percentual de moradores em favelas no Brasil
A Região Norte apresenta o maior índice de pessoas vivendo em favelas, com 18,9% de sua população nessa condição, percentual mais que o dobro da média registrada no Nordeste (8,5%) e no Sudeste (8,4%). As regiões Sul e Centro-Oeste têm os menores índices, com 3,2% e 2,4%, respectivamente.
Entre os estados, o Amazonas, o Amapá e o Pará lideram o percentual de moradores em áreas precarizadas, com taxas de 34,7%, 24,4% e 18,8%. Na lista das cidades brasileiras com maior proporção de população em favelas, Vitória do Jari (AP) ocupa o primeiro lugar, com 69%, seguida por Ananindeua (PA), com 60%, Marituba (PA), com 59%, além das capitais Belém e Manaus.
Urbanização e desafios sociais no Norte
Letícia de Carvalho, pesquisadora do IBGE, destaca que o processo de urbanização nas cidades do Norte não foi sustentado por uma base produtiva consolidada, o que agrava os desafios enfrentados pela região. “Manaus e Belém possuem uma condição de macrocefalia, ou seja, concentram fortemente os serviços e atraem grande número de pessoas. Esse crescimento, sem uma infraestrutura adequada, contribui para o aumento das áreas de favela”, explica.
A precariedade urbana ao longo do rio Amazonas é um dos principais fatores que contribuem para o aumento das favelas na região, apontam os dados do Censo. Esse contexto reforça os desafios socioeconômicos enfrentados pelas cidades do Norte, que têm se expandido de forma acelerada e com carências em infraestrutura e serviços básicos.