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Lenda da “Moça do Táxi” tem imagem vandalizada em cemitério de Belém e intriga visitantes

Devotos acreditam que fotografia de Josephina Conte, a jovem que inspira a lenda amazônica, segue com o olhar quem passa por seu túmulo; Vandalismo reacende mistério

Uma lenda urbana secular da Amazônia voltou a ganhar repercussão nas redes sociais após um ato de vandalismo no Cemitério Santa Izabel, em Belém. A fotografia de Josephina Conte, conhecida como a “Moça do Táxi”, teve os olhos riscados por vândalos, despertando reações de perplexidade entre frequentadores e devotos da jovem, que morreu em 1931. Segundo a história popular, Josephina, que faleceu aos 16 anos, sai de seu túmulo no dia de seu aniversário, 19 de abril, e pega um táxi para um passeio misterioso pela cidade.

A lenda, que circula em Belém desde a década de 1960, relata que Josephina instrui o taxista a cobrar a corrida na casa de seus pais. Ao chegar ao endereço, os motoristas são informados de que a jovem está morta há muito tempo, o que teria causado desmaios e sustos em diversos condutores.

Imagem de Josephina Conte sem os riscos nos olhos — Foto: Ullisses Campbell

Além do misticismo, a “Moça do Táxi” é reverenciada por muitos como uma figura de devoção. Motoristas, especialmente taxistas, afirmam que Josephina oferece proteção contra acidentes e assaltos, além de ajuda financeira para o pagamento de veículos. Perto de seu aniversário, é comum que velas sejam acesas ao redor de seu túmulo, localizado em uma das áreas mais nobres do cemitério. Em algumas ocasiões, o Corpo de Bombeiros já precisou intervir para conter incêndios causados pelas velas.

O recente ato de vandalismo, que danificou a imagem de Josephina, foi realizado por um casal insatisfeito com algo que não souberam explicar. O pedreiro do cemitério, Valdeci Gouveia da Silva, que cuida do local há mais de duas décadas, contou que muitos visitantes ficam assustados com o olhar de Josephina, que, segundo ele, parece “seguir” quem passa por seu mausoléu. Esse fenômeno é uma ilusão de ótica conhecida como “efeito Mona Lisa”, que dá a impressão de que os olhos de uma imagem bidimensional estão sempre voltados para o observador.

“Veja como ela nos encara o tempo todo, mesmo que você esteja à direita ou à esquerda do túmulo”, afirmou Valdeci. Para ele, essa sensação teria motivado o vandalismo recente. Os admiradores de Josephina, no entanto, mantêm a imagem em alta estima e chegam a pagar entre R$ 500 e R$ 600 para garantir a preservação de sua sepultura.

O pedreiro Valdeci Gouveia da Silva — Foto: Ullisses Campbell

Apesar da devoção, a única irmã de Josephina, Itália Conte, desmentiu a lenda em uma entrevista concedida em 1992, quando tinha 81 anos. Ela afirmou que nunca houve motoristas batendo à porta da família para cobrar corridas. Itália, no entanto, confirmou que o pai delas costumava levar as duas filhas para passeios de carro com o chofer pelas ruas de Belém, o que pode ter dado origem à lenda.

Itália Conte diante da foto da irmã, Josephina — Foto: Arquivo


Nas redes sociais, a história da “Moça do Táxi” é frequentemente compartilhada em vídeos no Instagram e TikTok, perpetuando o mistério e o fascínio que envolve Josephina Conte, cuja fotografia com um broche em formato de carro permanece enigmática para muitos que visitam seu túmulo.

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